sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

O RIACHUELO E EU (EM POUCAS PALAVRAS)


Fui timoneiro e remador!

Fui conselheiro e atualmente sou diretor, sendo o segundo vice-presidente do Clube Náutico Riachuelo. Independente do cargo ou função, eu sou Riachuelo de coração.

Representei o clube em competições estaduais, regionais e nacionais, sendo que em algumas delas, fomos campeões.

Entrei no Riachuelo por influência familiar: do meu pai e do meu irmão, que na época eram, respectivamente, diretor e remador. Aos quinze anos, eu comecei como timoneiro de um dois com, sendo que a guarnição era formada pelo meu irmão, Roberto, e meu primo Fabiano. Basicamente, eram treinos de escolinha, apesar de meu irmão já ter participado de uma prova.

Naquela época, existiam três barcos com timoneiro: quatro com, dois com e o oito. O Riachuelo possuía dois timoneiros, que tinham uma boa experiência, enquanto que eu nada sabia sobre timonear. Recém chegado no clube, eu não tinha a preferência, nem do treinador ou de qualquer remador, quando se escolhia o timoneiro. Tive que conquistar o meu espaço e a confiança das pessoas.

Com paciência e perseverança, eu frequentava o clube antes das seis da manhã e depois das seis da tarde, que eram os horários dos treinamentos, de muitas guarnições. Se o timoneiro de algumas destas guarnições faltasse, eu era aproveitado, caso contrário, eu permanecia no clube.

Meses se passaram nessa rotina e eu não faltava um treino sequer, mesmo sabendo que, provavelmente, eu não seria aproveitado. Até que, um dia, alguns remadores começaram a se manifestar a meu favor, pedindo ao técnico que me efetivasse como timoneiro do barco. Ainda assim, nada mudou. Mas, a minha sensação ao ver (e ouvir) os remadores pedindo por mim, como timoneiro deles, foi algo inesquecível e gratificante.

Após alguns meses, eu fui efetivado como timoneiro de um dois com, do barco formado pelos irmãos Adair e Genuíno Wiggers. Difícil mensurar a minha alegria. Eles foram importantíssimos para mim e passaram a ser referências como atletas e pessoas. Anos depois, nos afastamos do remo e do Riachuelo. Fui reencontrar os dois irmãos, depois de décadas, quando eu fui morar na cidade de Rio do Sul e eles residiam no município de Presidente Getúlio, que fica a uns quarenta quilômetros. O reencontro foi espetacular! O carinho e a amizade não havia se perdido, mesmo após tanto tempo sem se ver.

Depois de alguns anos, eu fiquei sabendo do falecimento do Adair Wiggers e não consegui ir no velório, pois, estava viajando. Chorei sozinho e distante...

Sendo timoneiro deles e de tantos outros remadores, eu aprendi muito sobre este esporte e sobre a vida. Me tornei uma pessoa melhor: aprendi a comandar, perdi a timidez (pelo menos, boa parte dela), desenvolvi valores como respeito, disciplina, comprometimento, humildade e muito mais.

Como remador, minha carreira foi bem menor, mas me trouxe alegrias. Competi no double skiff, four skiff e também no quatro sem timoneiro. Remar é bem diferente de timonear, porém, na hora de montar a guarnição, o técnico me colocava na proa do barco, alegando que eu estava acostumado a fazer a reta. Quem já foi timoneiro e também remou, sabe que existe uma grande diferença em fazer a reta, se compararmos as duas condições: remador e timoneiro. Mas eu encarava aquilo como um desafio e uma missão, pois se o treinador confiava em mim, então eu não poderia desapontá-lo. 

Atualmente, mesmo sendo o segundo vice-presidente do Clube Náutico Riachuelo, ás vezes, eu auxilio em tarefas que eu fazia, quando era timoneiro. Eu carrego remos entre o clube e a praia, lavo barcos e remos, levo copos com água gelada, quando eles chegam no clube, após treinarem em um dia de calor e outras pequenas tarefas que possam ajudar nossa equipe.

Por tudo de bom que foi feito por mim, cada ajuda, boa ação, ensinamento, palavras, eu serei eternamente grato ao Riachuelo. Por isso que, nos dias atuais, eu tento frequentar o clube, levando um alimento, bebida, lavando barcos e remos, ou de qualquer outra maneira.

Para mim, isso não é obrigação, e sim, gratidão; que virou paixão, que se transformou em amor pelo Riachuelo.


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